em Veneza tirámos cerca de 900 fotografias. e sim, apesar da era digital poder levar-nos ao exagero e, com certeza, não seriam necessárias tantas fotos (nem nos damos conta, na altura, de quantas tiramos) o que é certo é que tem sido um verdadeiro prazer rever as imagens. e o mais curioso é que os anos podem passar, as máquinas mudam - são diferentes e mais sofisticadas - mas a perspectiva, o olho de quem fotografa é facilmente detectável. olho para os fotos que tiro hoje e reconheço-lhes mais qualidade, porque também há mais um milímetro de conhecimento sobre o equipamento; no entanto, a forma como olho para o mundo é coerente e independente da cidade onde estou, do nascer ou do pôr-do-sol e do meu estado de espírito. os olhos que, quando criança, me faziam parar vezes sem conta à beira da estrada (para "só mais uma flor, mãe") são os mesmo que hoje me fazem apontar a objectiva para os telhados das casas, para as janelas, para as sardinheiras penduradas nas janelas e as roupas nos estendais.
foi esta perspectiva pessoal sobre as viagens que me fez começar a escrever estes cadernos. sendo ponto assente que seria impossível um só post para qualquer uma destas cidades, deixei-me levar pela emoção e decidi, para Veneza, ir ainda mais fundo. Veneza é uma cidade onde toda a gente sonha ir, uma das mais faladas e visitadas do mundo. o que não faltam por aí são fotografias espectaculares e frondosas nos seus enquadramentos e características técnicas.
sob este ponto de vista, estas fotos não são extraordinárias nem é isso que se pretende. aqui está subjacente o suspiro, o ruborescer da face e a sensação de "não podia haver momento mais perfeito". e as fotos de Veneza vão ser isto mesmo: momentos e recantos.
o primeiro sítio onde disparei a máquina vezes sem conta foi na Torre do Campanário. a hora do dia não podia ter sido mais perfeita, mais adequada, mais fabulosa. foi como se estivéssemos sentados nas nuvens a olhar Veneza de cima. a luz era magnífica, dourada. estava calor e a maioria dos visitantes já se preparavam para jantar - tínhamos companhia mas pouca, comparada com a quantidade de turistas noutra hora do dia.
o primeiro sítio onde disparei a máquina vezes sem conta foi na Torre do Campanário. a hora do dia não podia ter sido mais perfeita, mais adequada, mais fabulosa. foi como se estivéssemos sentados nas nuvens a olhar Veneza de cima. a luz era magnífica, dourada. estava calor e a maioria dos visitantes já se preparavam para jantar - tínhamos companhia mas pouca, comparada com a quantidade de turistas noutra hora do dia.
e Veneza é assim, vista (quase) do céu. pelo menos para mim (para nós) e naqueles instantes.
|fotos: Carla Martins|
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