à beira do Tejo { Portugal }









adoro viajar. tenho vontade de sair pelo mundo fora, só com uma mochila na mão, um casaco, uma ou outra coisa mais indispensável, um caderno, uma máquina fotográfica.
não sei se todas as 6as feiras, mas quero deixar-vos aqui alguns dos meus cadernos de viagem. não são guias, não sugerem rotas. são sensações, visões, cheiros, cores de sítios por onde fui passando. pelo mundo e por cá.


|fotos: Carla Martins|
Belver, Alto Alentejo, Portugal



viajar de carro, sem nada marcado e com apenas alguns caminhos pensados, sabe muito bem. dá-nos uma sensação de estar à deriva; mas com terra à vista. num sítio onde falam a nossa língua, e numa altura em que o calor apertava, o mais que poderia acontecer era pernoitar no carro ou, em situação limite, conduzir até chegar a casa. 
foi assim que chegámos a Belver. quase sem luz do dia, sem fazer ideia dos sítios que lá haveria para dormir. sabíamos que havia uma praia fluvial, um castelo e pouco mais. e que estava calor.
a primeira paragem, não nos agradou. decidimos perguntar no posto de gnr da localidade. disseram-nos que havia pelo menos dois locais onde poderíamos dormir; o mais barato era um turismo rural, numa casa recuperada por um estrangeiro.
e lá fomos. completamente às escuras, no duplo sentido. chegados à porta da tal casa, do tal estrangeiro, não conseguíamos sequer dar com a campaínha. tocámos e tocámos e, ao fim de algum tempo, lá veio o tal senhor. 
entrámos e ficámos encantados. mesmo com a escuridão. escolhemos um quarto com vista para o rio. das vistas melhores que lá havia.
nada nos preparia para o cenário da manhã seguinte. um sol que batia forte nas portadas, logo a seguir às 7h da manhã. uma luz brutal, um rio verde que fazia reflectir as margens frondosas. tudo arrumado, bem cuidado. flores, muitas flores! um acordar feliz ao som duma ferrovia que, quase em sinal de respeito aos habitantes e aos forasteiros, se sentia vagamente presente.
sair, de mão dada, e percorrer um caminho até à praia. encontrar tesouros e coisas comestíveis. gente que se banhava na pequena praia e disfrutava do sol. o corpo cedia ao cansaço e pedia uma sesta.
acho que ficámos mais uma noite. só podíamos ficar mais uma noite. visitámos Belver, o seu castelo (bem lá no alto) e Gavião (que fica muito perto).
saímos de coração cheio. lembro-me de voltar para casa, na estrada entre este Alentejo e o vizinho Ribatejo, e ter um sorriso enorme.







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