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Os encantos do 6º andar, Philippe Le Guay

quem me conhece sabe que gosto de cinema. ou melhor, gosto de filmes. não prescindo das longas sequências, dos 24 fotogramas por segundo (hum... os 24 até podem estar demodé mas... I'm an oldfashioned girl!); são momentos terapêuticos e fazem-me viajar. viajar por dentro e viajar por fora. 
ao longo dos anos, passei dum cenário de cinema em sala, sempre que podia e me apetecia e tinha companhia (amiúde, entenda-se), para uma semana em que os horários de trabalho deixaram de me permitir visitas frequentes ao cinema (a horas decentes!) e as visitas aos videoclubes passaram a fazer parte das noites em que tinha mais de cinco minutos disponíveis para ver qualquer coisa com atenção. quando os modernos videoclubes se transferiram para dentro das nossas casas, e os outros encerraram portas, ganhei um terrível hábito: sentar-me no sofá, literalmente prostrada, vendo trailers de seguida. sim, trailers. substituí as visitas ao videoclube real, em que ficava tempos a olhar para as prateleiras, pelo pequeno écrãn. 
bem, não faço isto todos os dias, nem nada que se pareça. faço-o em espaços de semanas e, tal qual formiga atarefada, colecciono títulos para mais tarde... ver. como não gosto de filmes do circuito comercial, ou melhor: "vejo-os" quando passam em canais televisivos e enquanto faço milhares de outras coisas, esta actividade revela-se fundamental. há que pesquisar, pesquisar por nacionalidade, tema, contexto, actores, etc, etc. encontram-se verdadeiras surpresas, coisas lindas - outras nem tanto e nem por isso. alguns filmes acabam por ser mero entretenimento e valem pela estética (mais) fora do contexto Hollywood. 
este caderno de inspirações não ficaria completo sem os filmes. sem que passasse também a deixar, aqui, pensamentos sobre os filmes que vou vendo. e os filmes, como os bons livros, re-surgem na nossa memória quando menos esperamos. sim, e os livros. filmes e livros. 
bem... mas comecemos pelos filmes!



"Os encantos do 6º andar" reapareceram na minha memória, um destes dias. não era este o primeiro filme, sobre o qual queria escrever, mas foi o que re-surgiu e insistentemente se tem mostrado na minha memória. 
confesso que gosto do cinema francês e, sobretudo, do que tem um pendor mais cómico. este trailer encantou-me. um filme que se passa, em boa parte, dentro dum prédio. (e este dentro do prédio revela-se, também, tão dentro de cada personagem.) há famílias estruturadas, aparentemente bem montadas; há famílias construídas, com membros que se apoiam - independentemente de terem, ou não, laços de sangue. há hábitos instalados. há caricaturas de diferentes classes, diferentes nacionalidades; há caricaturas de papéis sociais duma época que não é a nossa (???). há franceses e espanholas. há amor e desamor. há dúvidas e certezas que se revelam vãs. há necessidade de sobreviver. de respirar. há que reaprender a falar e... amar. 









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