pelo etna { Sicília }










adoro viajar. tenho vontade de sair pelo mundo fora, só com uma mochila na mão, um casaco, uma ou outra coisa mais indispensável, um caderno, uma máquina fotográfica.
não sei se todas as 6as feiras, mas quero deixar-vos aqui alguns dos meus cadernos de viagem. não são guias, não sugerem rotas. são sensações, visões, cheiros, cores de sítios por onde fui passando. pelo mundo e por cá.


quando uma viagem nos arrebata... quando nos deparamos com um cenário que nos devasta, tal é a imponência, imensidão e surpresa que nos causa. 
foi isto tudo, e muito mais, que senti ao subir ao Monte Etna. já antevia que seria extraordinário estar perto dum vulcão activo mas nada me faria prever o que senti. o Monte Etna é um sítio especial (e hei-de voltar lá um dia para subir até onde me deixem!). muito especial!

sair do nível do mar, onde o calor e o sol nos faziam ter vontade de um banho de água salgada e de uma bebida gelada, subir por aquelas estradas e ver a paisagem a mudar radicalmente... o preto da lava solidificada que contrastava, cada vez mais, com a vegetação frondosa e amarela.
fazer uma subida de teleférico e sentir o tempo e a temperatura a mudarem; a ficar cada vez mais frio, a bruma a envolver-nos lentamente e a roupa a começar a ser pouca...

chegar aos 1648 metros de altitude e ver gelo e lava solidificada em coexistência, em coabitação. e joaninhas; milhares de joaninhas! pequenos bichinhos voadores de cor vermelha por todo o branco e preto daquelas encostas. não poder subir mais porque estava tanto frio e a roupa era de praia! que pena! (já disse que queria lá voltar, não disse???)

decidir enfrentar o medo (pânico!) das alturas e subir a uma das crateras... "bolas!, quem me diz que cá volto???", pensei. subir a encosta de mão dada, respiração ofegante, aflita. ao fim da primeira subida ficar: porque o caminho em frente era estreito, tão estreito. ficar parada, petrificada e com um medo paralisante de cair, de uma rajada de vento me levar, da pessoa que partilha a vida comigo não voltar daquele percurso (em frente) estreito, tão estreito...

e sair de lá com a sensação que somos pequenos. que olhamos muito pouco à nossa volta. que não vemos as joaninhas (por onde passamos). que não somos gratos o suficiente e queremos mais sem saber porquê. que perdemos tempo com coisas que não interessam...

são muitas as fotos mas, com um pouco de paciência, perceberão que vale a pena vê-las!
{  fotos Carla Martins  }





6 comentários:

  1. Estive no Etna em 1996 e foi também uma viagem que me marcou. Quando fui, havia neve por todo o lado, lembro-me de ter subido com a minha irmã e de termos rido sem parar ao descer, as duas em cima de um dos nossos casacos a fazer de trenó!

    E Taormina, que maravilha! Nunca esquecerei!

    Bjs,
    Marta

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    1. Fui a Taormina depois do Etna e, confesso, o deslumbramento da montanha deixou-me sem cabeça para mais nada! Acho que ser Verão, as ruas de Taormina cheias de gente e confusão, também não deve ter contribuído...
      Beijinhos!

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  2. que lindas imagens, que lindo texto, que lindo tudo! dá mesmo vontade de pegar na mochila e partir :)

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    1. mesmo, mesmo, mesmo! e mesmo escrevendo sobre, a sensação é de se estar lá (ver, ouvir, cheirar!)
      beijinho, Joana e bom ano!

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  3. Lindo mesmo, Carla! Obrigada por partilhares :) B'jinhos e Bom Ano

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