da Primavera e dos dias frios


estes dias de pausa lectiva, frios e ainda cinzentos, deixaram um gosto amargo. não que tivesse pensado em praia ou que fosse plano pegar no carro e passear cá dentro. há tanta coisa para organizar e que fica pendente no quotidiano, que o programado mesmo era aproveitar para pôr as coisas em ordem.
talvez seja mais um lamento em murmúrio do que um queixume. já não me apetecia adormecer com o nariz frio (mau sinal, muito mau sinal) e ter vontade do aconchego das mantas, logo pela manhã. não peço a sandália ou o chinelo, mas conseguir andar, sem parar, com roupa mais leve. 
outro dia tentava explicar a uma visitante alemã que esta não é a Primavera de sempre - porque a própria se queixava do desconforto que sentiu durante toda uma semana, de estar frio e húmido e de ter trazido roupa pouco apropriada a este clima. que me lembro da Primavera começar tímida, pé-ante-pé, mas com mais dias quentes. que o clima mudou e muito. e sempre que penso nisto, penso que todos somos responsáveis. que todos contribuímos um pouco, e à nossa maneira, para que haja mudanças globais, definitivas e irreparáveis. que tomamos o planeta por garantido e por imutável - quando na verdade, os nossos queixumes sobre a inconstância da Primavera são um reflexo dos atentados que cometemos, tantas vezes em nome duma evolução que a lado nenhum nos leva. ainda ontem, no supermercado, vi melancias. melancias nesta altura do ano? e aquele gosto de esperar pela fruta na sua época, por onde anda?
ainda assim, as fotos que consegui fazer, ao Palácio Nacional de Mafra, reflectem um azul intenso no céu. o que não se percebe nas fotos é o frio, o tiritar e a vontade dum aquecedor por perto. boa semana!



|fotos: Carla Martins|


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