nem menos, nem mais. é isto.

às vezes tenho saudades do tempo em que era criança. em que apanhava flores desenfreada e punha a minha mãe e o meu nariz em desespero. de escrever num pequeno quadro de ardósia e de perder horas entretida com qualquer coisa que tivesse nas mãos. de ir de manhã, no Verão, para a praia e ficar horas a brincar na água e com a areia.
e depois penso que esse às vezes é tão raramente. porque, apesar de já não ser criança, vivo feliz no meio das crianças e todos os dias, mas todos os dias mesmo, sou abraçada pela sua sabedoria. todos os dias posso rir, saltar de contentamento, zangar-me e adormecer de cansaço porque tenho os melhores mestres que alguém pode ter. sim, as crianças. elas ensinam-nos a tolerância e ao mesmo tempo a impaciência de chegar - seja lá onde for. partem um vidro com uma bola e a seguir dão-nos um beijo de bom dia. mostram-nos que, no meio dum dia tão complicado e denso, é possível passar uma hora no paraíso, respirar e viver.
e é por estas e outras razões que sempre digo, quando me perguntam o que faço, que dou aulas. um dia, chegarei a ser professora, mesmo que esse dia se cruze com a idade em que já não deveria ter horários mas simplesmente sentar-me numa confortável cadeira e curtir o sol. nesse dia, tenho a certeza que vou sentir que aprendi o suficiente para lhes poder dar algo em troca. nesse dia vou tocar o céu, como esta árvore a quem ninguém sabe a idade.


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