Florença vista (quase) do céu II


numa manhã, bastante de manhã para fugirmos à canícula de mais de 40 graus -  pelos vistos pouco habitual na altura do ano em que fomos, lá nos colocamos na fila caracol para visitar a fabulosa cúpula de Filippo Brunelleschi. este arquitecto e escultor foi o responsável por desenhar e erigir uma cúpula de grandes dimensões e de base octogonal - cuja forma de construção, que permite manter aquele topo estável e sólido, foi segredo até há bem pouco tempo.
apesar dos muitos visitantes à espera dos 463 degraus (!!!!!), e de haver um número restrito de pessoas a subir à vez, não demorámos muito tempo até chegar lá acima. antes da subida, um aviso bem explícito para quem tem problemas cardíacos, vertigens, claustrofobia. eu que não me dou bem com espaços pequenos, fechados (e neste caso com muita gente) decidi arriscar. o balanço da experiência é misto: entra-se na cúpula pela parte de dentro da Catedral, tem-se oportunidade de estar de nariz colado às pinturas, de ver o interior de cima (e tudo parece pequeno, muito pequeno). a partir daí, tudo é mais radical. ora, se é uma cúpula, vai arredondar, o espaço interior (já de si esconso) vai diminuir e apertar, teremos de andar inclinados. isto somado às hordas (controladas, obviamente) de turistas que lá andam dentro, aos sítios onde toda a gente se cruza - porque não há outra maneira de subir e descer e onde mal cabe uma pessoa, posso dizer-vos que chegar ao exterior foi uma das maiores alegrias da minha vida. 
estando no topo, por entre muitos braços e máquinas, lá conseguimos andar à volta e dar de caras com a Torre do Campanário (do dia anterior). o curioso destas duas subidas é percebermos as diferenças de altura, o quão pequenas as pessoas ficam (apesar de nos parecer uma distância curta) e de como o espaços para circular na Torre do Campanário nos pareceu enorme (gigante, mesmo) e que desse mesmo lado, olhando para a cúpula, não tínhamos tido qualquer noção da subida que nos esperaria no dia seguinte. 
mesmo assim, entre apertos e o sufoco (houve um momento em que dei graças por termos parado junto a uma mini-janela que me permitiu atenuar a sensação de falta de ar) acho que voltava a fazer o percurso: é extraordinário pensar que se está num espaço construído no século XV e mais não será necessário dizer!

Florença vista (quase) do céu I

|fotos: Carla Martins|

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