por Trás-os-Montes

há dias dei-me conta de que não tenho aquele acérrimo sentimento de pertença. aquela sensação de ser deste lugar e de mais nenhum, de não conseguir chamar casa a mais nenhum sítio senão aquele. sinto qualquer coisa parecida com isso quando passo o Tejo e no ar há um cheiro de terra quente de Verão, as paisagens tornam-se mais planas e os amarelos e dourados vivem como cores dominantes. já falei sobre isso aqui e aqui e, apesar de ser claramente uma parte deste país que me desperta fortes emoções, tenho-me dado conta de que há sítios que também me falam ao coração. acho que o meu desejo de conhecer o mundo, de conhecer tudo o que me fascina, estando longe ou perto culturalmente, fala mais alto do que este sentimento de pertença. talvez seja isso...

percorremos estes caminhos de Trás-os-Montes há mais ou menos um ano, para uma celebração e reunião familiar. são poucas as fotografias, algumas delas tiradas em andamento, mas significativas. e significativas porque estas paisagens conquistaram-me; emocionaram-me. já tinha andado por esta zona mas não por este concelho (Boticas) e fiquei fascinada. os declives, o cinzento da pedra, o contraste do azul do céu com o verde, a água. queria parar por uns dias e calcorrear estes caminhos, largar-me ao sol escaldante, tapar-me na noite fria. se calhar já tinha visto estes recortes nas viagens que fiz por outros Trás-os-Montes mas não tinha maturidade suficiente para perceber que estas paisagens me captam a atenção. 
quem sabe um dia destes, com uma pilha de livros debaixo do braço, um grande chapéu na cabeça e um calçado robusto, não me perco pelas serras deste Norte tão viçoso e tenro.



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